Há um milhão de aquarelistas na história. Não sei se um milhão mesmo. Acho que mais. Então tem muito jeito pra se pintar.

Eu aprendi com o Rubens Matuck (que deve ter aprendido com os chineses, com o Aldemir, com o Flexor…) que a luz na aquarela é o que a gente nao toca com tinta. Ou toca pouco.

Aquarela é uma oportunidade pra se reestruturar a mente a construir imagens numa ordem muito particular, completamente diferente das tintas de massa. Pra se treinar o pensamento ao contrário, a gente constroi imagens a partir do recorte, ou seja, se quero fazer uma cadeira, eu não a pinto num primeiro momento.
{{… depois a gente fala mais sobre até de deixar de considerar “cadeira” como um limite: na pintura tudo é cor, não tem nome (cadeira, fruta, nuvem, nariz…) é só cor.

 

Na aquarela, não me importo muito se “erro” na proporção e relação entre os objetos da cena. Tudo é oportunidade pra se refazer o recorte. As camadas estarão sempre lá, mas esse fantasma pode ser “corrigido” a qualquer momento. A única coisa é que não dá pra se voltar atrás quando se tocou na luz — perde-se a luz. Não tem volta.

Nessas duas aquarelas estava também aproveitando para experimentar o papel ingres de prova de gravura da Hahnnemülleh (nunca sei escrever essa marca). Ele responde ok, registra as camadas, vem em lindas cores, mas enruga bastante. Gostei. Usei as aquarelas de quadradinho da schimincke que tendem a ser um pouco mais opacas que as de bisnaga. <3